Uma das aplicações mais nobres dos plásticos é na medicina, onde figura, desde simples curativos, até os mais modernos desenvolvimentos em termos de diagnósticos, equipamentos cirúrgicos e próteses. No setor protético, por exemplo, a tecnologia já apresenta os plásticos como produtos de excelente performance e custo-benefício para quem perdeu ou nasceu sem os membros.

A Dra. Maria Elizete Kunkel, professora adjunta de Engenharia Biomédica da UNIFESP, é coordenadora do projeto Mão3D Programa de Pesquisa e Extensão - Protetização e Reabilitação de Membro Superior com Tecnologia de Impressão 3D e fala sobre o uso de plásticos nesse segmento.

Plastivida – Qual a contribuição do plástico no setor próteses?

Dra. Maria Elizete – O fato das próteses disponíveis no mercado não acompanharem o crescimento dos usuários, faz com que elas tenham que ser trocadas de tempos em tempos, o que gera custos. O projeto em que atuo tem foco especialmente nas crianças e desenvolve próteses a partir impressora 3D, obedecendo um modelo de três dimensões previamente desenhado em um programa de computador e que acompanha as medidas do paciente. Feitas em plástico, as próteses são precisas, leves, ajustáveis e econômicas.

Atualmente existem vários tipos de material plástico produzido por impressão 3D que podem ser usados para próteses e órteses, PLA, ABS, Nylon e outros plásticos combinados com outros elementos para aumentar a resistência do material. O plástico torna a prótese cerca de 80% mais barata em relação ao material convencional usado, plástico injetado ou fibras. Possibilita ainda que o usuário personalize sua prótese, escolhendo cores e modelos, o que no caso das crianças, é ainda mais positivo.

Plastivida – A senhora pode falar mais sobre o projeto Mão3D Programa de Pesquisa e Extensão - Protetização e Reabilitação de Membro Superior com Tecnologia de Impressão 3D?

Dra. Maria Elizete – O projeto Mão 3D reúne alunos de iniciação científica e pós-graduação com o intuito de a ajudarem na pesquisa. Além dos estudantes da Universidade Federal de São Paulo (ICT-Unifesp), coordenados por mim, o programa já conta com parcerias em outras instituições de ensino do país, entre elas a Universidade de Caxias do Sul, a Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo, e o Centro Universitário Franciscano, em Santa Maria.

Plastivida – O diferencial do seu projeto é a confecção de próteses para crianças. Elas são as únicas beneficiadas ou existe alguma exceção para fabricação de próteses também para adultos? Qual é o critério para escolher quem receber essas próteses? Quantas crianças/adultos já receberam as próteses gratuitas de seu projeto?

Dra. Maria Elizete – Também temos projetos voltados para adultos, mas como estes requerem tamanho maior e material mais resistente estamos iniciando com crianças. Para a escolha das crianças, no caso das próteses de membro superior pelo programa Mão3D, são adotados critérios do Centro de Reabilitação Lucy Montoro, como por exemplo, morar na região do Vale do Paraíba, ter idade mínima de 5 anos e ausências de outras deficiências. No momento 3 crianças já receberam as próteses.

Plastivida – O projeto é apenas para próteses de membros superiores? Se não, por favor comente sobre quais tipos de próteses o projeto elabora a partir da impressão 3D.

Dra. Maria Elizete – Temos projetos de próteses para membro inferior a ser usado por crianças com pé caído, comum em casos de paralisia cerebral como microcefalia; projeto com próteses estética de orelha; órtese para imobilização de quadril infantil em casos de malformação ou traumas e modelos mais leves e funcionais de órtese de punho.

Os plásticos também são encontrados em dispositivos para tetraplégicos. Feitos com canos de PVC, auxiliam o uso do tablet por parte de tetraplégicos acamados. Os dispositivos são automáticos e motorizados sendo o acionamento feito com pequenos movimentos da cabeça.