Após dois anos estudando a melhor maneira de dar um novo destino ao plástico descartado, a dupla de designers Vanessa Yuan e Joris Vanbriel idealizou a primeira coleção da ecoBirdy, marca belga de mobiliário infantil totalmente confeccionado a partir do upcycling de brinquedos que os pequenos não querem mais.

Lançada este ano durante a Maison&Objet de janeiro, a linha fabricada na Itália reúne mesa, cadeira, luminária e porta-objetos que despertam nas crianças a consciência a respeito da sustentabilidade, sem deixar o design de lado. Trata-se de uma das últimas e mais notáveis iniciativas a reforçar uma tendência que já vem conquistando adeptos no mundo todo: a da diversão infantil ecofriendly.

Enquanto startups como a americana Luke’s Toy Factory apostam em produtos feitos com insumos reciclados, como sobras de serragem de fábricas de móveis, gigantes como a Lego introduzem peças feitas com plástico de cana-de-açúcar – a firma dinamarquesa se comprometeu, inclusive, a adotar matéria-prima sustentável em todos os seus produtos até 2030. Da Nova Zelândia, o premiado Wishbone Design Studio criou um modelo de bicicleta sem pedal feito com plástico 100% reciclado que pode ser adaptado para crianças de 1 a 5 anos, prolongando sua vida útil.

De olho em uma mudança mais profunda, a ecoBirdy desenvolveu um livro de histórias ilustrado para informar sobre os problemas relacionados ao lixo e suas possíveis soluções, além de um programa escolar para colocá-las em prática. “Mostrar aos jovens a economia circular e inspirá-los a contribuir comum futuro mais ecológico é uma maneira de estimular um impacto positivo no planeta”, dizem Vanessa e Joris, que já planejam o lançamento de uma segunda coleção para o início de 2019.

A necessidade de ressaltar preceitos de responsabilidade social e ambiental – e, mais importante, passar esse saber adiante – fomentou o surgimento da MateriaLab, consultoria de São Paulo que pesquisa materiais e tecnologias para contribuir com a criação de produtos melhores para o mundo. O conhecimento originou um braço educativo para incentivar a conexão das crianças com a inovação. “A ideia é levar os alunos a entender a origem das coisas, remontando os caminhos que um material percorre até o uso e o reúso”, diz Carol Piccin, sócia da empresa.

A arquiteta e designer paulistana Roberta Faustini, por sua vez, viu no (curto) ciclo de vida dos objetos a oportunidade para projetar o conjunto Vira e Mexe, um jogo de móveis infantis que podem desempenhar diferentes funções com o passar dos anos. “Tudo começou com a torre de aprendizagem, que dá autonomia à criança, capaz de subir e ficar na altura de uma bancada para participar de atividades com adultos de forma segura”, diz. Suas peças feitas com madeira de reflorestamento e laminado PET (revestimento composto por matérias-primas recicladas) assumem o papel de mesa, cadeira, cadeirão e até estante.

E se meninas e meninos puderem se relacionar com algo que traz em sua história o manejo de uma espécie nativa? Foi o que pensou Marcelo Rosenbaum no projeto Molongó, uma imersão em Nova Colômbia, AM, em que o designer e sua equipe elaboraram uma linha com jogos de memória, quebra-cabeças e outros produtos feitos com madeira da região – o molongó – por artesãos locais. “A iniciativa gera renda para a comunidade e viabiliza o desenvolvimento humano sustentável”, diz Rosenbaum. Uma brincadeira que pode mudar o mundo em todos os sentidos.