Com 32,2% da população vivendo na linha da pobreza, a Argentina tem um déficit habitacional de 3,5 milhões de residências que se posiciona como um dos principais desafios do país para os próximos anos. Uma tecnologia de construção que surgiu na região da cidade de Córdova pode ajudar a resolver este problema, propondo a construção de casas com a utilização de garrafas PET descartáveis no núcleo das paredes.

Criada pela 3C Construciones, a novidade está em processo de aprimoramento desde o início de 2018 e já resultou em várias residências desde então, em obras que unem sustentabilidade a baixos custos e utilização da mão de obra disponível na região.

Segundo Lucas Recalde, empreendedor que atua na 3C Construciones, o sistema construtivo é “uma tecnologia industrial e social em que uma pessoa vulnerável se torna uma pessoa com potencial. Um resíduo contaminante se torna recurso para a construção; é um inversor e um facilitador de transformação em um município e um impulsor de desenvolvimento”, conforme diz em vídeo institucional divulgado pela empresa.

O princípio por trás da tecnologia é muito simples: grandes quantidades de garrafas PET são coletadas e o plástico é prensado em grandes blocos. Estes são fixados em estruturas de madeira e metal de 61 cm de largura e 18 cm de espessura, que podem ser duplos ou triplos, com 1,02 m ou 1,53 m de altura.

São esses Módulos de Plástico Recuperado (MPR) que vão compor a estrutura das residências, posteriormente cobertos com cimento e com acabamentos que permitem que o aspecto final seja muito parecido com o de uma casa de tijolo e concreto.

A vantagens são muitas, a começar pelo preço: as casas de MPR são consideravelmente mais baratas, já que economizam em material e a mão de obra envolvida não precisa ser altamente especializada, alimentando a economia local e transformando os moradores da comunidade em agentes ativos na resolução da questão habitacional.

Além disso, o sistema construtivo também é extremamente sustentável, não apenas pelo reaproveitamento do plástico. Diferente da construção tradicional, o sistema argentino não utiliza grandes quantidades de água e energia nem durante a fabricação da casa e nem depois.

“Finalmente, se propõem soluções habitacionais de alta qualidade, rápida construção e baixo custo. Pelos materiais de alta qualidade com os quais é construída, não tem pontos térmicos, de forma que demanda menos energia para sua calefação e refrigeração”, pontua a arquiteta envolvida na 3C Construciones, Victoria Páez Molina, via fanpage da marca.

Em outras palavras, os módulos geram um maior e melhor isolamento térmico e acústico em comparação com outros materiais tradicionais, além de serem resistentes a terremotos. Essas casas liberam um terço do dióxido de carbono em relação às casas convencionais, o que equivale a conservar 138 m² de florestas ou o plantio de 84 árvores.

Em uma das comunidades nas quais o sistema de edificações com MPR já começou a ser utilizado, a cidade de La Para, um bairro inteiro foi construído utilizando a tecnologia de moradias sustentáveis. “Entendemos que isso é integração, porque é um motor de emprego, de inversão sustentável, de economia para o bem comum”, diz Recalde no vídeo de apresentação.

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