A Plastivida, entidade que representa no Brasil o setor plástico nas questões relativas à sustentabilidade, acompanha com preocupação o decreto do governo francês que proíbe a venda de copos, pratos e bandejas plásticas de “uso único” para consumo particular a partir de 2020.

Vale ressaltar que esses mesmos produtos, desde que destinados para fins comerciais (tais como fast foods, máquinas de café etc.) continuam permitidos. Talheres plásticos estão liberados tanto para uso comercial quanto para consumo particular. O decreto define, ainda, que os produtos a serem proibidos poderão ser fabricados com matérias primas compostáveis.

Embora a Lei só entre em vigor em 2020, já houve questionamentos à Comissão Europeia sobre a insuficiência de argumentos ambientais que deveriam embasar a medida. Além disso, também houve críticas de que a proibição prejudica os consumidores e que a medida viola as regras da União Europeia sobre a livre circulação de mercadorias. O conjunto destes questionamentos poderá exigir da França uma revisão do Decreto.

Além disso, o próprio governo francês admite que será necessário realizar estudos para a definição do termo “uso único”. A diferença de conceitos entre “uso único” e “reutilizável” somente poderá ser estabelecida através de critérios técnicos, como a espessura dos copos e pratos.

Segundo Miguel Bahiense, presidente da Plastivida, a própria indefinição do governo francês em determinar o que é de uso único e o que é reutilizável, já demonstra a fragilidade da medida. “A saída para a necessária redução de impactos ambientais não passa pelo banimento de produtos plásticos, uma vez que apenas 4% do petróleo extraído no mundo se aplicam a esses produtos, sua fabricação não gera emissões significativas de CO2, além de ser um produto inerte e 100% reciclável”.

Ainda segundo Bahiense, três das maiores fontes de emissão de CO2 na França e no mundo são os usos de petróleo para transportes, climatização e geração de energia. Cerca de 86% do petróleo são aplicados a estes fins.

O presidente da Plastivida acredita que é necessário buscar soluções sustentáveis com base em critérios técnicos e científicos, considerando-se, entre outros fatores, a análise do ciclo de vida dos produtos questionados e principalmente dos apresentados como solução, contabilizando consumo de água, de energia, peso dos produtos, logísticas, reciclagem dentre outros itens. “Para termos um parâmetro, um estudo realizado no Brasil pela ACV Brasil e auditado pela KMPG mostra que para se lavar manualmente um copo de vidro ou de cerâmica são usados cerca de 1.200 mililitros, enquanto um copo plástico (de mesmo volume) consome apenas 26 mililitros de água em todo o seu ciclo de vida”.

Bahiense conclui que somente investindo em educação ambiental, combatendo o desperdício através do consumo consciente e incentivando a reciclagem, será possível apontarmos um caminho para construirmos a sustentabilidade que a sociedade tanto necessita.