A dona de casa Andreia de Aguiar saiu da comunidade Queima Lençol, distante a mais de 35 km do centro de Brasília, com uma missão especial: representar as 14 integrantes da cooperativa Calliandra, na abertura da exposição "Reciclagem: Um novo Começo" realizada na terça-feira (7/11), na sede do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Nesta quinta e sexta-feira, a mostra será apresentada no Edifício Marie Prendi Cruz, na 505 Norte, em Brasília.

A exposição, uma iniciativa da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) do MMA, mostra, por meio de produtos feitos por cooperativas e organizações, a importância do descarte correto de resíduos, da reciclagem e do papel dos catadores e das inúmeras organizações nesse processo.

A cooperativa Calliandra, criada há quatro anos, realiza um trabalho pioneiro, transformando sacos de cimento em sacolas recicláveis e em cachepots para plantas. Elas aproveitam resíduos da construção civil, diminuindo, assim, o impacto no meio ambiente desse setor, que produz cerca de seis mil toneladas de lixo.

Atualmente, confeccionam por mês cerca de 900 sacolas retornáveis. "Confesso que estou agradecida pela oportunidade de mostrarmos nosso trabalho e por ver a valorização dele aqui na mostra", disse Andreia.

PARTICIPANTES

Além da Calliandra, outras oito instituições e um artista plástico de Brasília participam do evento, que permanece até esta quarta-feira (8/11) no Edifício-Sede, e nos dias 9 e 10/11, na unidade do MMA na 505 norte.

São elas: Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap-DF), Mãos que Criam, Plastivida, Papa Cartão, As Candangas, Sonho de Liberdade, Arte Sustentável, Laboratório de Materiais Expressivos e de Papel Artesanal da Universidade de Brasília (UnB), além do artesão Divino da Silva.

Andréia de Aguiar representa as cooperativas na exposição (Foto: Marta Moraes)

INOVAÇÃO

Durante a abertura, feita pelo subscretário de Planejamento, Orçamento e de Administração do MMA, Romeu Mendes, estiverem presentes representantes de todas as instituições e convidados dos ministérios do Meio Ambiente e da Cultura.

Segundo Romeu Mendes, o trabalho das instituições mostra a criatividade e a inovação de todas elas e o papel que possuem para prolongar a vida útil de produtos que normalmente seriam descartados, poluindo o meio ambiente. "Muito mais do que um novo começo, a reciclagem é uma realidade e uma preocupação perene desse ministério", afirmou ele.

Para Dioclécio Luz, gerente da A3P, a mostra chama a atenção para a importância da reciclagem de uma forma lúdica, e vai além, conscientizando a população sobre os benefícios desta iniciativa para a sociedade e para a geração de renda de quem vive disso.

AUTOESTIMA

A cooperativa Mãos que Criam, que funciona há 15 anos na Cidade Estrutural, é formada por 280 costureiras e artesãs, que confeccionam, reformam e reaproveitam peças de vestuário e banners, focadas no pilar de sustentabilidade.

Atuando desde 2003, a Mãos que Criam nasceu para desenvolver a autoestima de mulheres que viviam em situação de vulnerabilidade social e extrema pobreza, combinando ações educativas, capacitação profissional e geração de renda sustentável. Hoje em dia, entre os seus produtos mais comercializados estão as bolsas feitas com banners usados por empresas de Brasília.

O Papa Cartão, também em exposição, é um sistema de logística reversa, exclusivo para cartões, crachás e credenciais de plástico, criado pela empresa R. S. de Paula, fabricante desses produtos desde 1997, sustentado pelo tripé: descarte, seguro e correto. Atualmente o Papa Cartão está em 71 pontos em vários estados do Brasil, entre eles os pontos localizados nos prédios do MMA, e dois na Flórida (EUA).

Um dos itens que mais chamou atenção na abertura do evento foi a crocobike, uma bicicleta gigante, customizada com peças velhas de ferro pelo artesão Divino da Silva, que parece um crocodilo. Cenógrafo de eventos, Divino faz espaços e estandes do Brasília Moto Capital, evento tradicional da cidade.

Nas horas vagas crias bicicletas e outros objetos com ferro, reciclando peças de motos e bicicletas, atividade iniciada há seis anos. "Compro tudo usado e recondiciono. Sempre gostei de arte, esse é um hobby ao qual me dedico com alegria, porque ajuda o meio ambiente", destacou.